O problema do racismo é antigo. A desigualdade social no Brasil que tem origem nos primórdios da colonização é um produto de um processo de modernização e industrialização excludente e de base pobre. Desde a extinção da escravidão, os negros não são contemplados com políticas públicas de caráter compensatório.
O que podemos observar é o legado de desassossego e pobreza. No entanto, com muita dignidade e honra, os afro-descendentes lutam para garantir “um lugar ao sol”, em uma sociedade que se diz democratizada, mas que adota uma discriminação sutil e velada. A falta de humanidade e respeito é uma das causas que levam uma pessoa a discriminar outra, com injustiças e desmandos praticados por detentores, ou não, do poder econômico, gerando profundos constrangimentos.
Podemos considerar que todos os homens e mulheres nascem livres e iguais em dignidade e direitos e são dotados de razão e consciência, devendo agir entre eles com espírito de fraternidade. Infelizmente, o que se vê atualmente são pessoas que se valem de valentia, empáfia e arrogância, calcadas pela falsa investidura econômica culminada pela diametral diferença social, agredirem moralmente, com palavras de cunho ofensivo à raça negra.
Mesmo em um país onde há uma miscigenação de tantos outros povos, somos testemunhas de discriminações e tratamentos humilhantes para com o povo negro. Quem pretender impor a pureza racial neste país não só comete o crime previsto na lei que pune a discriminação, como, principalmente, atenta contra a natureza e a variedade do povo brasileiro. Martin Luther King foi feliz em dizer que a lei não pode fazer com que uma pessoa ame as outras, mas pode fazer com que ela não as elimine, mostrando-se, com isso, dependente do ordenamento jurídico para viver a vida em sua integralidade.
Nas palavras da doutora em filosofia Sueli Carneiro, “racismo é apenas, e somente, um instrumento de promoção de privilégios e exclusões com base em supostas superioridade, inferioridade ou simples preferência racial; uma ideologia passível de ser encampada em qualquer tempo, lugar e conjuntura em que se pretenda estabelecer e legitimar poderes e privilégios de um grupo humano sobre o outro”.
Digno de destaque é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que prioriza a igualdade entre as pessoas, não serve de freio a essa loucura marginal, que varre não só os países ditos de primeiro mundo, mas, absurdamente, também o Brasil, habitado por um povo nascido da mestiçagem de povos distintos, de origem, religião e etnia diversa. O combate ao racismo é uma luta constante daqueles que se sentem oprimidos em decorrência de sua cor, cabendo às leis o seu papel coercitivo de repressão a essa prática desumana. Nada mais é que uma luta do povo negro para conseguir viver a vida em sua totalidade.
Texto de minha autoria publicado pelo Jornal Tribuna de Minas em 20.11.2008
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