Carta aberta aos líderes da IEQ

Por Edvaldo Tomé

"Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores" Tiago 2:8-9

Com o intuito de doutrinar os membros e aprimorar a missão integral da igreja, que neste momento tratará da questão da assistência social, elaboramos a presente Carta de Recomendação com algumas observações pertinentes sobre o tema em foco.

Asseveramos que o nosso objetivo não é apontar os erros e tampouco apresentar críticas desconstrutivas a respeito do trabalho até aqui desenvolvido pelas lideranças da igreja. Nossa finalidade é propor ideias e estratégias para o pleno desenvolvimento e efetivo cumprimento da ação social em nossa igreja.

Ao lermos passagens bíblicas como Lv 19.18 e Mt 19.19, dentre outras, encontramos razões inspiradas que nos leva a uma preocupação social. As implicações do mandamento contido em Levítico que posteriormente foi endossado por Cristo em Mateus, nos constrangem a assegurar ao nosso semelhante todas as circunstâncias e elementos que consideramos necessários ou desejáveis para a plena realização da nossa humanidade.

"Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR". Levítico 19:18
"Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo". Mateus 19:19

No entanto, para que possamos chegar a este entendimento, é necessário saber o que a Escritura diz a respeito da assistência social e qual seria o papel do cristão no contexto social da sua Igreja. Sendo este o ponto nodal desta explanação.

Para que os membros possam, de forma efetiva, contribuir para a assistência social, é necessário enfatizar a ideia de uma cidadania responsável, exortando-os que o ideal do amor cristão os faz responsáveis não somente pela vida eterna de suas almas, mas também pela condição terrena.

Percebemos que uma forma efetiva de conscientizar a membresia sobre a sua função social dentro da igreja é tarefa não só para o púlpito, mas também para o magistério da EBD, e para toda a liderança eclesiástica.

A ajuda ao próximo deve ser tema e motivo para mensagens, conferências, debates, institutos, retiros e etc. A simples comemoração de datas cívicas pela Igreja, por exemplo, poderia contribuir para a comunicação dessa verdade elementar, mas fundamental, de que somos cidadãos de dois reinos e, responsáveis, portanto perante ambos.

Infelizmente, vivemos em uma sociedade totalmente individualista. Os membros se comportam como se estivessem em um clube onde, uma vez por semana, se encontram socialmente por duas horas. Após este período, cada um volta para o seu “mundo” sem se preocupar com o que acontece com a pessoa que, porventura tenha se assentado ao seu lado durante o culto.

Para que haja mudança de conduta e a plena predisposição para ajudar o próximo, é condição sine qua non (sem o qual não pode ser), doutrinar os membros ao ponto de inculcar em suas mentes a importância de ter uma cidadania responsável dentro da igreja e fora dela.

Esclarecemos, outrossim, que a capacitação para se fazer a assistência social não pode ser apenas para a liderança e sim para todos os membros. Como? COM MENSAGENS DOUTRINÁRIAS enfatizando o amor ao próximo.

O amor de Deus e o cuidado com o próximo foram referidos por Jesus como aspectos essenciais e indissociáveis da experiência cristã (Lucas 10.27,28). Frequentemente, no entanto, nos encontramos divorciados de tais aspectos. O texto estabelece uma primazia que deverá ser sempre mantida – a do amor a Deus, sem o qual o cuidado com o próximo perde a sua perspectiva cristã.

"E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás." Lucas 10:27-28

Não só deverá a Igreja reconhecer e aceitar os padrões éticos que fluem das Sagradas Escrituras para inspirar os seus atos como instituição e nortear todas as relações entre os seus membros, como também deverá zelar pela sua observância e aplicação, para que não lhe faleça a força moral indispensável ao seu ministério no mundo.

Realçamos novamente que para adquirirmos, entretanto, uma consciência da missão integral, no aspecto do assistencialismo, é desejável que se assegure um “clima” adequado a tais cogitações. O estímulo de uma liderança esclarecida seria o bastante para levar o povo à meditação ousada.

Mas mesmo quando tais condições não se verificam, restam aos crentes o direito e o dever de insistirem na análise crítica e criadora da vida e da missão da Igreja, convidando a todos para o diálogo, e a todos oferecendo o produto de suas inquirições como subsídio para uma compreensão mais perfeita da vontade de Deus para o seu povo.

Essas mesmas estratégias deveriam ser cuidadosamente consideradas pela liderança nacional, estadual, regional e local, não só para aprofundá-las, mas também para incorporá-las á sua experiência, do que resultaria um enriquecimento do seu conceito de missão.

Várias medidas deveriam convergir para a consecução desse propósito – o de dar aos membros uma visão clara, objetiva, universal da problemática do homem em nosso país e no mundo. Demonstraremos então, algumas intervenções para serem aplicadas nas Igrejas.

Poderia as lideranças das Igrejas, senão promover, pelo menos estimular os crentes a participarem de cursos, conferências, exposições e outros certames culturais que possam contribuir para a compreensão dos problemas humanos, enquanto o púlpito se esforçaria no sentido de interpretar a realidade social à luz da Revelação de Deus, evidenciando os seus aspectos mais dramáticos como temas para meditação e oração.

Também, poderiam ser criados grupos de discussões nas Igrejas, para o tratamento franco e informal dos problemas atuais, dos aspectos vários da realidade nacional, buscando não só a sua compreensão exata, mas também as suas soluções cristãs, além de uma definição da nossa responsabilidade específica como cristãos em tais circunstâncias. POR QUE NÃO TAIS “DEBATES” JUNTO AOS GRUPOS MISSIONÁRIOS?

Com isso, traçar maiores estratégias para o alcance da assistência social na igreja local neste momento, não traria resultados efetivos, tendo em vista que a maioria esmagadora dos membros não estão doutrinados a respeito da necessidade do assistencialismo. Assim, resta-nos o desafio de propiciar à membresia as medias eficazes para o entendimento e compreensão da importância do serviço social dentro e fora da igreja.

Por derradeiro: “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” (João 9.4) H. C. Lacerda em seu livro Nossa Época e as Implicações Sociais do Cristianismo, 1948 assevera com a total clareza que lhe é peculiar sobre a responsabilidade do servo de Deus no que tange ao serviço social:
“Enquanto um desgraçado trouxer a marca do cativo no pulso, toda a raça estará no cativeiro; sempre que um indivíduo permanecer na podridão do vício, a humanidade se arrastará na lama; todo o tempo que uma criatura de Deus carecer de pão, o gênero humano se achará faminto; enquanto um homem for objeto de exploração econômica pelo homem, o mundo não terá um homem livre… Enquanto não levantarmos o último que estiver caído todos nós estaremos no chão”
Este é um serviço que devemos ao Senhor, desde que Ele próprio nos afirma: “E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25.40). Cumpre-nos dar o testemunho que salva a alma e praticar a ação que alimenta o corpo e dignifica o espírito se queremos a plena realização do homem à imagem e semelhança de Deus.

Edvaldo Tomé Silva - membro da IEQ Juiz de Fora/MG.

Comentários

  1. Entendo que não somente temos que rever esta qustão no que diz respeito a provimento material, mas também espiritual, já que nossa missão enquanto igreja é ser pronto socorro espiritual!

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    1. Sim. Mas para entendermos isso mana, devemos voltar à teoria. Temos que saber o por que que temos que ajudar o próximo. Isso, infelizmente, poucos sabem... Poucos conhecem a Bíblia...

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