A Escritura explicada pela Escritura

Por E.Lund*

Pelo que Sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, que atribuiu à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astuciosamente a verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, ou seja, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra.

Conscientes e inconscientes, os imitadores têm perpetuado tal procedimento, levando a humanidade ao engano a partir de falsas interpretações das Escrituras. Vítimas, portanto, dessas artimanhas e de tão espantosos erros, os quais têm resultado em grandes desgraças e catástrofes, nós já devemos saber que tudo isso é suficiente para nos alertar para o perigo dessa interpretação particular. E a ninguém deve parecer estranho que insistamos em que a primeira e fundamental regra da correta interpretação bíblica deva ser a já indicada - a Escritura explicada pela Escritura, isto é: a Bíblia, sua própria intérprete.

Ignorando ou violando esse princípio simples e racional, temos encontrado, como dissemos, suposto apoio nas Escrituras para muitos e nefastos erros. Fixando-se em palavras e versículos arrancados de seu conjunto e não permitindo à Escritura explicar-se a si mesma, os judeus encontraram nela um apoio fictício para rejeitar a Cristo. Procedendo da mesma maneira, os papistas encontraram aparente apoio na Bíblia para o erro do papado e das matanças relacionadas a ele; isso para não falar da Inquisição e de outros erros do mesmo gênero. Atuando assim, os espíritas pensam achar aparente apoio para sua errônea encarnação; os comunistas, para sua repartição dos bens; os incrédulos zombadores, para as contradições; os russelitas, para seus erros blasfemos; e por fim os Wilson e Roosevelt, para seu militarismo.

Se todos tivessem a sensatez de permitir que a Bíblia se explicasse a si mesma, evitariam graves e desastrosos erros. A Bíblia jamais provará o que homens mal-intencionados querem que ela aprove.

Ao contrário, o discípulo humilde - conhecedor da Palavra e ciente de que a "lei do SENHOR é prefeita" (Sl 19.7) e de que não há erro nas Escrituras, mas sim no homem - sabe que naõ pode tirar nem pôr, suprimir nem acrescentar impunemente à Palavra, conforme o fez o estilo satânico (Ap 22.19).

Assim, é de suma necessidade observar a referida regra das regras, ou seja: a Bíblia como sua própria intérprete. Do contrário, poderemos incorrer em erros e atrair sobre nós a maldição que a própria Escritura pronuncia contra os falsificadores da Palavra. Ao usarmos a expressão "regra das regras", queremos dizer que dessa regra, fundamental, desprendem-se outras que, como veremos, dela nascem naturalmente.

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E.Lund & P.C. Nelson in Hermenêutica princípios de interpretação das Sagradas Escrituras. pág. 31-36 

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