Princípios do Reino - O proprietário busca trabalhadores

Por Edvaldo Tomé


"Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Ele combinou pagar-lhes um denário pelo dia e mandou-os para a sua vinha. "Por volta das noves hora da manhã, ele saiu e viu outros que estavam desocupados na praça, e lhes disse: ‘Vão também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo’. E eles foram. "Saindo outra vez, por volta do meio dia e das três horas da tarde e nona, fez a mesma coisa. Saindo por volta da cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: ‘Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo? ’ ‘Porque ninguém nos contratou’, responderam eles. "Ele lhes disse: ‘Vão vocês também trabalhar na vinha’. "Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu administrador: ‘Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros’. "Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Quando o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, dizendo-lhe: ‘Estes homens contratados por último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia’. "Mas ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso? ’"Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos". Mateus 20.1-16

Neste 1º de maio onde se comemora o dia do trabalhador; dia do trabalho ou dia internacional dos trabalhadores, relembro a parábola de Jesus dos trabalhadores da vinha, registrada por Mateus no capítulo 20 do seu Evangelho.

Pode parecer que esta parábola descreve uma situação imaginária mas não é assim. Além do método de pagamento, a parábola descreve o tipo de coisas que aconteciam com muita frequência na Palestina. Naquela região a uva amadurecia nos fins de setembro, e imediatamente depois vêm as chuvas. Se não se fizer a colheita antes das chuvas, arruína-se; de maneira que a colheita de uvas é uma luta encarniçada contra o relógio. Recebe-se a qualquer operário, embora só possa dar uma hora de seu trabalho.

O pagamento era o normal: um denário ou um dracma era o pagamento corrente para um dia de trabalho nestas condições. Desta forma o pagamento era justo para o trabalho específico que os obreiros iriam desenvolver.

No versículo 3 Mateus registra que havia homens ociosos na praça. Se ignorarmos, ainda que por um instante o contexto e o real sentido do texto para a época, poderíamos fazer uma analogia com os dias de hoje. A situação econômica do nosso país está tão mal que hoje temos cerca de 13 milhões de desempregados no Brasil, de acordo com a informação do jornal Folha de São Paulo. Poderíamos considerar, caso fosse em nosso país, que estes trabalhadores "folgazões" na praça, estavam ali por falta de trabalho pela corrupção e crise que nos permeia.

Contudo, não era esta a questão. Na Palestina a praça era uma espécie de bolsa de trabalho. Os homens foram à praça muito cedo com suas ferramentas e esperavam até que viesse alguém a contratá-los. Os homens que estavam no mercado não eram ociosos que contavam intrigas, mas esperavam trabalho e o fato de alguns permanecerem nesse lugar até as cinco da tarde (v. 6) demonstra quão desesperados estavam por encontrar alguma ocupação.

Jesus deixa claro que no Reino de Deus todos os trabalhadores possuem o mesmo valor. Ao pagar uma denário para todos os trabalhadores, independente da sua produção ou tempo à disposição do empregador, pois o primeiro foi contratado na madrugada e os últimos às 17h00, o Dono da vinha [Deus], demostra a igualdade que prevalece no seu Reino.

Obviamente que estamos tratando de uma parábola que possui uma aplicação espiritual, pois aqueles que se converteram primeiro, de maneira nenhuma deverá murmurar ou invejar aqueles que forem escolhidos por último, pois todos as pessoas, não importa quando cheguem, são igualmente valiosos para Deus.

Que neste feriado possamos refletir um pouco sobre o trabalho e a função social que ele possui, de modo a entendermos a aplicarmos os princípios do Reino no nosso dia a dia, de modo a não discriminar os trabalhadores e sim tratá-los de modo igualitário, independentemente do seu cargo, função, produção e salário.


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