Pastores gays

Por Júlio César Oliveira

O dia hoje esta ótimo, acordei em alta voltagem, postei mensagens de fé e esperança no Facebook e Twitter, dei uma rápida olhada no número de acessos do meu blog. Tudo certo, pessoas ligando, como pode em apenas um aparelho quatro números diferentes? Quatro operadoras como pode isso? Viva a modernidade, louvado seja Deus que tem dado inteligência aos homens a fim de se desenvolverem, criando aparatos moderníssimos, amo tudo isso, sou fã, apaixonado.

Pois bem, cansado de ouvir o telefone tocar, abro minha revista ISTO É, e me deparo como uma reportagem que me assusta, constrange e confunde. Como assim pastores gays? ”Sacerdotes” defendendo o homossexualismo. Respiro fundo, dou uma pausa na leitura a fim de oxigenar meu pequeno cérebro, até tento, más não consigo absorver tamanha modernidade.

Marcos Gladstone tem 37 anos, é Pastor e fundador da Igreja Cristã Contemporânea, casado com o também Pastor Fábio, (pai ou mãe), não sei, agora me perdi, de dois meninos. Segundo Gladstone ele recebeu de Deus a missão de fundar uma igreja para atender uma demanda cada dia maior, e que não é suprida pelas igrejas convencionais, pois na visão dele, nós evangélicos, somos homofóbicos. Confesso que nessa hora minha revolta foi grande.

“Em São Paulo, pretendemos abrir pelo menos três vezes mais templos do que temos no Rio de Janeiro”, disse o Pastor.

Pastor Marcos Gladstone, Deus não criou igreja para atender demanda ideológica e sim para conduzir os homens a salvação, transformação e verdade. Se assim fosse, Jesus teria criado uma Igreja para cada minoria, mas o que Ele fez foi fazer da minoria sua igreja. O Apóstolo Paulo na carta aos Romanos escreve:

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Rm 12:2

A renovação na qual Paulo cita é traduzida por metanóia. Ela aparece 34 vezes no Novo Testamento e é normalmente traduzida por ARREPENDIMENTO. A palavra metanóia é formada pela união de duas palavras gregas: “nóia”, que significa o conjunto de valores, pensamentos, compreensão, entendimento; e a preposição grega “meta”, que significa mudança. A Palavra traduzida por arrependimento significa mudança, transformação ou troca do conjunto de valores e pensamentos, mudança da compreensão e entendimento de algo.

Logo, entendo ser impossível uma pessoa se denominar cristã e até mesmo se considerar um Pastor e não ter os seus valores modificados, não ter sido redimido, transformado e incomodado pela Palavra. Sim, a Palavra incomoda e se contrapõe ao erro. Não se pode concordar com o Pr.Gladstone, quando ele diz que é possível conciliar o homossexualismo com a doutrina Cristã, usando uma frase de efeito emocional, “que contra o amor não existe lei”. Tenho muito medo da ação dessa frase de efeito, elas foram criadas para seduzir e induzir, e geralmente quando os argumentos são fracos as frases de efeito são ótimas para encobrir a ignorância e a arrogância do indivíduo.

O grande problema é que somos tendenciosos a abandonar o culto teocêntrico (que tem Deus como centro, ponto de convergência de todas as coisas), criando um culto antropocêntrico (concepção ou doutrina segundo a qual o ser humano é o centro ou a razão da existência do universo). Temos esse defeito, todos nós infelizmente, queremos sempre que a palavra se adeque a nossa vida e não nós à Palavra. Que transformação isso produz? Que transformação isso traz? Deturpa-se a Palavra de forma grosseira e inconsequente a fim de introduzir conceitos ideológicos próprios para atender a demanda.

Concordo com Gladstone quando ele diz que Jesus é o maior exemplo disso, que Ele se aproximou de todas as minorias, mas Ele não só se aproximou como também transformou as minorias. Temos como exemplo o ladrão que após ter se encontrado com Cristo, parou de roubar; a prostituta que deixou de lado sua vida errônea de prostituição após o encontro verdadeiro com Jesus.

Entrementes, o apóstolo dos gentios asseverou aos Romanos:

Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça.” Romanos 5:20.

Entre tantas “besteiras” que li na matéria da revista, uma em especial, me chamou a atenção: questionado sobre textos bíblicos que condenam o homossexualismo, Gladstone comete uma insanidade interpretativa absurda, do texto de Levítico 20:13

Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”.

Segundo Gladstone, o livro de Levítico é um Livro Sacerdotal e por isso, não se deve aplicar tais regras a outro contexto, já que se trata de regras específicas para o povo que saíra cativo do Egito. E que se fosse aplicado, teria a seguinte conotação: o povo na realidade não poderia se misturar, o se deitar no caso estava falando de não se aliançar a outro povo, sendo assim se deitar com um israelita do mesmo sexo pode. Depravação total, texto sem contexto para servir de pretexto para besteirol ideológico.

Perguntado se usaria um texto assim em seu sermão o moço é enfático ao dizer que não. É lógico que não mesmo, isso incomodaria seus clientes, pois é assim que trata seus fiéis, como clientes que pagam por uma massagem em seus egos. E olha que não é só ele não, tem muito líder aí tratando ovelhas como clientes e o cliente tem sempre razão. O cliente tem o direito de cobrar. Tem muito Pastor atendendo pura e simplesmente uma demanda, o caráter não está sendo tão importante, a mudança de vida não é tão relevante, significativo mesmo é o dízimo do cara, a oferta de amor que ele da pra igreja. 

Jesus não quer clientes ele quer ovelhas, ovelhas que ouvem a sua voz e o seguem, e ele as julgará.

Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas”. Ezequiel 34:22

Diante de tudo isso, minha única reação racional é desligar o celular, desconectar do Facebook,Twitter,e orar, orar e orar, pois é muita modernidade para mim.

Fiquem com Deus.

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O Júlio é o mais novo co-editor do Blog do Ed.

Fonte:
Matéria da Revista ISTOÉ

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